Em tempos de copa do mundo, todos vibram diante de seus televisores. Os noticiários focam suas reportagens na África do Sul. O som insuportável das vuvuzelas atormenta nossos ouvidos. O banco fecha as portas. O comércio adormece. O mundo para.
Enquanto as cabeças procuram preencher o seu vácuo em conversas futebolísticas, dezenas de pessoas morrem na China, a chuva castiga os nordestinos, o projeto Ficha Limpa entra em vigor, o Rio de Janeiro começa a ver seus candidatos para Governo...
Política? Falar de política em tempo de Copa? As cabeças não gostam. Já os cabeças, sim. Como em Roma, panis et circense vem bem a calhar. Olhos atentos na televisão, temporalmente em que deveriam estar voltados para as eleições. Afinal, é a representação nacional que está realmente em jogo. Como podemos cobrar no futuro por algo que sequer damos atenção no presente?
O futebol é algo que integra. Mas a mídia, comandada pelos cabeças, torna-o alienante. O que mais desperta curiosidade: as propostas dos candidatos à presidência ou a roupa do Dunga? Pergunte para uma cabeça, nem é preciso dizer a resposta. Você critica a escolha da seleção ou a escolha de determinado candidato? Dá para ver o que valorizamos...
Como reverter esse quadro? Minhas ideologias e aspirações são meros sussurros inaudíveis aos ouvidos dos cabeças. Só a juventude morta e alienada, descobrindo o seu potencial e a sua relevância na sociedade, é capaz de mudar os rumos desse jogo chamado Brasil, aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo.
E.M.B.F.
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